Olá, pessoal! Armas, germes e aço. É isso que explica as grandes mudanças da humanidade, segundo Jared Diamond, autor do livro de mesmo nome, e esse é o assunto do vídeo de hoje.
Armas, germes e aço
Bem pessoal, em meio essa quarentena que todos nós estamos nos submetendo para enfrentar essa crise da epidemia do vírus da Covid-19 muitos estão aproveitando esse tempo livre para atualizar as leituras, então como vocês sempre me pedem indicações de livros, hoje eu vou falar sobre esse aqui “Armas, germes e aço: os destinos das sociedades humanas” de Jared Diamond.
Algum tempo atrás, um de vocês me pediu para falar sobre esse livro depois de ver bem aqui atrás de mim um dos vídeos do canal. Então, como esse momento atual guarda muitas semelhanças com o tema do livro, eu resolvi dividir aqui algumas curiosidades e semelhanças com vocês.
É um livro muito bem escrito e cheio de informações e detalhes, talvez seja muito denso para a maioria dos leitores, mas para você que gosta dessa história da evolução humana, vale muito a pena ler esse livro, inclusive, ele tem muitas semelhanças em alguns trechos da evolução da humanidade com esse livro aqui “Sapiens” Uma breve história da humanidade, de Yuval Harari. Esse aqui é mais famoso, creio que muitos de vocês devem ter lido. A semelhança dos dois nessa narrativa da evolução da humanidade, até porque são dados históricos, dados de estudo e pesquisa histórica, então eles tem muitas semelhanças ao contar essa evolução das sociedades, dos nossos ancestrais, de grupos caçadores-coletores para uma sociedade agrícola. A diferença entre eles e que torna, talvez, armas germes e aço bastante interessante, inclusive porque guarda essa semelhança com a nossa atualidade, é que Diamond usa de conhecimentos de geografia, botânica, zoologia, arqueologia e epidemiologia para nos mostrar como a evolução das sociedades humanas não tem relação nenhuma com diferença racial, inteligência, aptidão.
Como a sociedade evolui?
Ele diz que a humanidade sempre muda através de armas, germes e aço, aço no sentido de tecnologia, ou seja, o que determina as mudanças que existiram na humanidade foram sempre guerra, tecnologia e germes. Então, seguindo esse processo histórico o autor nos mostra como a sociedade humana evoluiu de uma conquista do velho mundo para o novo mundo, ou seja, da Eurásia sobre os continentes americano, africano e australiano, e por que que não foi o contrário.
O autor traça esse cenário que as características ambientais foram determinantes, ele fala muito do deslocamento longitudinal, imagine o globo terrestre e a Eurásia se deslocava no sentido longitudinal e América, África e Austrália, teriam que fazer um deslocamento vertical e esse deslocamento vertical tinha grandes diferenças de temperatura o que impedia, digamos, esse deslocamento para conquistas. Então, por isso os eurasianos faziam esse deslocamento longitudinal e assim eles conseguiram conquistar o mundo todo.
Eurásia e os ameríndios?
Pra explicar direito, eurasianos vem de Eurásia, Eurásia é aquela massa, um bloco, quando você olha para o globo terrestre é de Ásia e Europa, por isso chama Eurásia. Eu falei americanos, mas o livro fala de ameríndios, as Américas eram dominadas pelos Índios que inclusive foram exterminados, que o livro conta pelos germes. Os índios, os nativos das Américas foram todos eliminados e exterminados pela transmissão de doenças que os Eurasianos levaram para as Américas e muitos são conhecidos, são antigos conhecidos nosso: varíola, cólera, a própria gripe, até hoje tem estudos de que existem tribos índios nunca atingidos aqui na Amazônia que se ele tiver contato com uma gripe comum, morre. Então, você já deve ter visto essas reportagens aí na TV. Então, o livro aborda essas origens dos império, da religião, da escrita e das armas.
Sobre o livro
O livro foi escrito em 1997 e ele dava já muitas lições para o futuro, à partir da perspectiva que ele escreveu o livro em 97 e que guarda agora muitas semelhanças com o nosso momento atual. Por isso que eu acho e até eu vou revisitar algumas partes, alguns capítulos do livro, mas como vocês pediram essa indicação e um de vocês já tinha feito essa cobrança para eu falar desse livro, eu acabei lembrando realmente que é muita, muita semelhança com nosso momento atual. Então o livro conta que essa evolução dos eurasianos por uma sociedade agrícola em locais abundantes em espécies colocou os eurasianos em contato com animais selvagens domesticáveis, porque isso trazia ali na cultura dos eurasianos, valor proteico, alto valor proteico, de proteína para a sobrevivência, para evolução dos povos, então isso colocou ele em contato com animais domesticáveis. Domesticáveis que eles falam, na época, era vaca, porco muitos de vocês devem saber que a gripe vem do porco também, então essa cultura com animais domesticáveis pra produzir proteína, permitiu o crescimento do povo eurasiano e altas concentrações, densidades populacionais. Então aqui você já vê a semelhança, animais domesticáveis e densidade populacional.
O livro e sua contemporaneidade
Vocês lembram de alguma relação com o nosso momento atual? Melhor que isso eu acho é ler uns trechos do livro que vocês vão achar interessantes. O livro é bem grande, então ler alguns trechos aqui não vai tirar o prazer de vocês lerem o livro depois.
Eu separei aqui alguns trechos que vocês vão ver que é bem coincidência. Tirar o óculos, como sempre. “Mais enérgica, contudo, é estratégia usada pelos micróbios da gripe, do resfriado comum e da coqueluche, tosse comprida que induzem a vítima a tossir ou espirrar, lançando assim uma nuvem de micróbios em direção aos possíveis novos hospedeiros.” Na realidade, assim, não é coincidência porque as epidemias já foram estudadas há muito tempo e é exatamente assim que o vírus da gripe, de outras doenças elas se espalham. “Da perspectiva do germe, isso é apenas uma decorrência involuntária dos sintomas do hospedeiro que promovem a transmissão eficiente dos micróbios, contando que cada vítima contamine assim, em média, mais de uma vítima, a bactéria se propagará mesmo que o primeiro hospedeiro acabe morrendo. A constante evolução ou reciclagem de novas variedades de gripe com antígenos diferentes explica porque o fato de termos contraído uma gripe 2 anos atrás, não nos deixa protegidos contra a variedade diferente que apareceu este ano.
Entre essas doenças epidêmicas, a gripe é conhecida pessoalmente pela maioria dos americanos, sendo que determinados anos são piores para nós. As doenças infecciosas que nos chegam na forma de epidemias e não um pinga-pinga regular de casos têm várias características comuns: Primeiro, elas se transmitem rápida e eficazmente da pessoa contaminada para as saudáveis que estão próximas e com isso a população inteira fica exposta em pouco tempo.
Segundo, são doenças agudas, num curto período ou as pessoas morrem ou se recuperam completamente. A razão pela qual a combinação dessas características tende a transformar uma doença em epidemia é fácil de entender. Em termos simples, veja como acontece, a rápida disseminação dos micróbios e a passagem rápida dos sintomas significam que todo mundo em determinada população humana é rapidamente contaminado e logo depois está morto ou recuperado e imune. Assim, quando a população humana tornou-se suficientemente grande e concentrada atingimos a fase de nossa história, na qual poderemos, afinal, desenvolver e sustentar doenças de multidão restritas a nossa própria espécie. Mas essa confusão apresenta um paradoxo, essas doenças nunca poderiam ter existido antes dessa época, ao contrário, elas tiveram que se desenvolver como doenças novas.
De onde vieram essas doenças novas?” Ai ele vai traçando aqui a teoria… “Mas entre eles, alguns se restringem a várias espécies de nossos animais. Nos animais, as doenças epidêmicas também precisam de populações grandes e densas e tampouco atacam qualquer animal, elas estão restritas, principalmente, a animais sociais que proporcionam a grande população necessária. Consequentemente, quando domesticamos animais sociais como vacas e porcos eles já sofriam de doenças epidêmicas que apenas esperavam o momento de serem transmitidos para nós.
A importância dos micróbios letais na história humana é bem ilustrada pelas conquistas europeias e o despovoamento do novo mundo. Muito mais ameríndios morreram abatidos pelos germes eurasianos do que pelas armas e espadas europeias nos campos de batalha. Esses germes minavam a resistência indígena matando grande parte dos índios e seus líderes e abalando a moral dos sobreviventes.”
Aí aqui ele conta a história do Cortez em 1519, Cortez, para quem não sabe, foi o espanhol que invadiu o México, dominou, conquistou o México, aí ele conta como isso foi conquistado, que foi quem privilegiou os espanhóis foi a doença que foi levada para o continente mexicano. Aí ele conta ” O que deu aos espanhóis uma vantagem decisiva foi a varíola que chegou ao México em 1520 com escravos contaminados. A epidemia que vem em seguida matou quase a metade dos astecas incluindo o imperador. Os sobreviventes astecas ficaram desmoralizados pelo doença misteriosa que matava os índios e poupava os espanhóis, como que anunciando a invencibilidade dos espanhóis.”
Então, para quem não sabe, Cortez entrou no México com 600 soldados e o império asteca era temível militarmente, porque eles tinham uma população de muitos milhões, ou seja, a varíola foi lá e exterminou o povo. Aí conta também a conquista de Pizarro sobre o império Inca lá no Peru, a mesma situação, levou a doença e matou todo mundo.
Bom pessoal, então ele finalmente aqui “Com todos esses fatos em mente vamos tentar retomar nossa perspectiva sobre o papel dos germes, não há dúvida de que os europeus tinham uma grande vantagem em termos de armas, tecnologia e organização política sobre a maioria dos povos não europeus que conquistaram. Mas essa vantagem sozinha não explica inteiramente como, a princípio, tão poucos imigrantes europeus conseguiram suplantar tantos nativos das américas e de outras partes do mundo, isso não teria ocorrido sem o presente sinistro da Europa para os outros continentes, os germes, que se desenvolve a partir da prolongada convivência dos eurasianos com os animais domésticos.” Inclusive, acho que o título desse capítulo é “O presente letal dos animais domésticos” Então, muita semelhança, pessoal.
Na realidade, como eu falei, não é coincidência, tem também um vídeo do Bill Gates num evento que é uma palestra que ele deu lá no TED muitos de vocês devem ter visto, que eu acho que esse vídeo agora viralizou, vou colocar na descrição aqui também, em que ele fala exatamente o que está acontecendo agora, mas ele fala sobre o sentido do mundo se preparar pra essa próxima epidemia. E é impressionante como parecia uma profecia o Bill Gates falando. Então vou colocar aqui também na descrição.
Vamos usar o nosso tempo aí pessoal, para quem quiser, é um livro muito bom “Armas, Germes e Aço”, o Jared Diamond lançou um outro depois desse que chama “Colapso”, mas ele fala muito sobre meio ambiente, essa parte aí, o mundo vai colapsar por causa disso. Esse livro aqui é muito bom. E para quem não leu, também recomendo aqui ler o “Sapiens”, é um livro muito bom e agradável de ler sobre a história da humanidade.
Tá joia pessoal? Então vamos aproveitar esse tempo aí pelo menos para a gente atualizar as leituras. Desejo que todos vocês fiquem bem, fiquem em casa. E a gente se vê no próximo vídeo.
Um forte abraço!
Poderá ver o vídeo no youtube Aqui
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